Basta um segundo para acontecer, não chega uma vida para esquecer!

Enquanto almoçava vi uma pequena conversa televisiva sobre os recentes acidentes com crianças que têm sido presença assídua um pouco por todos os telejornais e imprensa em geral! Negligência? Sim, quanto a isso não restam dúvidas. Quando se questiona sobre os motivos para tal acontecer é que a resposta não é tão directa nem tão pouco objectiva. Dos últimos casos notíciados lembro-me de um menino que brincava na praia e que acabou por ser arrastado pelo mar. Lembro-me de pelo menos dois casos em que duas crianças de tenra idade caíram de uma varanda. Lembro-me também de ouvir o caso que talvez seja o mais chocante de todos (não querendo com isto diminuir a importância dos outros), um pai que deixou no carro o filho e durante três horas não mais se lembrou dele! Apelidei este caso de chocante não pelo facto de o considerar mais trágico do que os outros mas porque talvez seja a prova fiel de que cada vez mais vivemos a um ritmo alucinante e nos deixamos absorver de tal modo pelos problemas quotidianos que acabamos por inverter, na maioria das vezes involuntáriamente, a nossa pirâmide de prioridades. Contudo, não sou da opinião que o stress, ou mesmo os problemas do dia-a-dia sirvam de desculpa ou mesmo de atenuante para explicar o que nos parece inexplicável. Apenas me parece lógico que se considere estes factores como possíveis causas/estímulos para explicar o que leva um pai/mãe responsável a cometer erros gravíssimos e de total negligência. E talvez tenha sido o que aconteceu neste caso...

Ter um filho é sem dúvida uma responsabilidade enorme e ter mais do que um então nem se fala! Ser um/a mãe/pai atento, participativo, interactivo e sobretudo presente tem muito que se lhe diga e se somarmos a tudo isto a falta de tempo e o constante surgimento de problemas que servem para abalar a estabilidade familiar a vários níveis teremos uma equação nem sempre fácil de resolver.

Não me ocorre muito a dizer sobre estes casos porque tenho sempre um enorme medo de cair em julgamentos precipitados ou mesmo de como diz o povo "cuspir para o ar e cair-me em cima"! Considero que não há maior juiz nem maior punição do que aquela que estes pais vão encontrar dentro de si, até porque não deve existir maior dor do que a perda de um filho! Parece-me sobretudo que todos estes casos acabam por servir como exemplo para todos os outros pais que devem procurar ser atentos e cautelosos sem tembém cair no exagero, até porque protecção em demasia também é um erro! Acidentes podem acontecer com todos e ninguém está livre deles mas parece-me que já é hora de se perceber que determinadas situações podem ser evitadas basta para isso reduzir a possibilidade de perigo! Falo sobretudo nas protecções que se devem colocar nas varandas para evitar quedas, falo também das protecções para piscinas de modo a não permitir um afogamento, falo dos poços que tantas vezes são um convite para a curiosidade infantil...

Podem ser investimentos nem sempre fáceis de realizar mas a vida de um filho não tem preço! É necessário redobrar os alertas e apostar na atitude preventiva para que o número (horrível) de 700 acidentes por dia com crianças, segundo a Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), comece a diminuir!