"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço..."
Álvaro de Campos
3 comentários:
Acho que nunca tinha lido este poema com a devida atenção :)...
É realmente fantástico...
"A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas "
... ... ...
Cansaço cansaço...
às vezes não se distingue o cansaço de viver do cansaço de não viver...e fica-se assim, sem saber bem qul cansaço, cansa mais...
Ui uI....ESSE COMENTÁRIO FOI PODEROSO.....LÁ ANDAS TU METIDA COM A ERVA...LOOOL
ahahahahah
eu ando sempre metida na erva...
só que vou variando...
ultimamente tem sido urtigas hehehe
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