segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Palavras a ninguém

"Palavras só palavras...
Essas que o vento leva,
Essas que o vento traz!
São tantas as que tenho para falar
E tantas são as que quero ouvir!

Palavras só palavras...
Essas letras agrupadas,
Esses sons tão diferenciados.
São as que ouço das bocas soltas,
São as que penso no meu lugar,
São as que calo e silencio em mim!

Palavras só palavras...
Esses pontos de partida,
Essas pontes de viagens perdidas,
Esses caminhos por desvendar,
São passos parados no tempo!

Palavras só palavras...
Esses gemidos loucos e descompassados,
Esses gritos secos e desvairados,
São batalhas de guerras vencidas,
São pedras jamais erguidas!

Palavras só palavras...
São muitas e nenhumas,
São brancas e escuras,
São revolta e aceitação!
São mudas e caladas,
São o nosso problema e a nossa solução"

Poema de Maria Virgínia Alves

3 comentários:

Heidi disse...

palavras nos podem salvar, palavras nos podem matar...
gostei:);)
palavras para quê?!...:):)

Anónimo disse...

Tá tudo dito...

Heidi disse...

"Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem. Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?"

Raul Brandão, in "Húmus"